“Se você planta cacau, ele vai te dar um retorno depois de dois ou três anos. Mas se você pega essa área, e planta o que vai dar retorno depois de seis ou oito meses, é bom né? Na minha área, colho aipim, abacate… Colho esses produtos antes de outras frutíferas. Então é muito importante”, relatou Fábio Vieira, agricultor acompanhado pela Muká, residente no Assentamento Dois Riachões (Ibirapitanga, BA), em sua participação no quadro Histórias para (A)creditar, um conteúdo audiovisual gravado pela Tabôa, com depoimentos de quem acessa microcrédito rural.
Em parte de sua área produtiva, ele implantou um Sistema Agroflorestal Agroecológico (SAFA), a no qual planta cultivos diversificados que, juntos, além de crescerem fortalecidos, também promovem colheitas ao longo do ano gerando renda e contribuindo para maior segurança alimentar de sua família.
As áreas de Sistemas Agroflorestais – SAF, quando são cultivos convencionais, ou SAFA, quando são agroecológicos – são desenhadas considerando, por exemplo, o solo, o clima, o mercado, a composição de espécies, o objetivo com a produção e os custos. Além de produzir alimentos diversificados, melhoram a qualidade do solo e também são aliadas na restauração florestal. Se implantadas em áreas degradadas, elas contribuem para o cumprimento dos serviços ecossistêmicos, fazendo com que o plantio disponibilize alimentos, água, realize a regulação climática, entre outros benefícios.
A implantação de áreas SAF ou SAFA traz um combo de bons resultados, e a ideia tem atraído famílias agricultoras. No primeiro ano do CRA Sustentável na Mata Atlântica, modelo de crédito operado pela Tabôa, 43,4% dos recursos direcionados para a produção de cacau financiaram a implantação ou manutenção de Sistemas Agroflorestais (SAFs) com o cacaueiro.
A implantação de Sistemas Agroflorestais contribui para assegurar a biodiversidade das espécies que crescem ao redor do cacaueiro, assim como na cabruca, que também é um sistema agroflorestal, no qual o cacau cresce à sombra da floresta, junto com outras árvores nativas e frutíferas. “Com o crédito, além do adensamento na cabruca, plantando mais mudas na área, também investi na área SAF”, conta Fábio. Ele aliou dois sistemas que promovem a sociobiodiversidade e, em maior escala, promovem uma importante função de adaptação climática, tornando as propriedades rurais mais resilientes e resistentes a pragas, secas e inundações.